A VPPB (vertigem paroxística posicional benigna) é uma doença do labirinto que se popularizou na internet devido ao tratamento diferente das demais doenças do labirinto, com uma manobra simples, rápida e muito eficaz. Neste post, vou falar mais sobre essa doença.

Sintomas

A VPPB se manifesta de maneira bem típica: tontura tipo vertigem (tudo roda) quando deita, levanta, rola na cama, enfim, nos movimentos da cabeça. E sempre no mesmo moviemtno da cabeça, ou seja, paciente tem tontura quando vira a cabeça para o lado direito, mas não para o lado esquerdo, ou quando abaixa e levanta a cabeça, mas não quando olha para o lado. É uma tontura muito intensa, mas que dura segundos a minutos e se repete várias vezes ao dia. Em geral, o paciente procura tratamento rápido, ou seja, com poucos dias de sintoma, ou no máximo 3 meses.

Pode acontecer de o paciente já ter uma outra doença do labirinto, crônica, de anos, e complicar com a VPPB. Nesse caso, o paciente relata uma tontura crônica, mas que mudou de tipo nos últimos dias.

Fisiopatologia

Temos cristas de cálcio, chamados otólitos ou otocônias, numa parte específica do labirinto, chamada utrículo, onde eles não provocam tontura. A tontura passa a acontecer quando os otólitos migram para os canais semicirculares e alteram seu funcionamento.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pelo médico otorrinolaringologista através de testes específicos realizadas no consultório, ou seja, não é necessário nenhum exame para diagnosticar esta doença.

Os testes mais comuns são manobra de Dix Halpike e de head roll, e são considerados positivos quando há sensação de tontura pelo paciente, igual a que ele tem em casa e movimentos especifícos dos olhos, chamados nistagmos, cuja direção deles vai mostrar ao médico qual canal semicircular está acometido.

Tratamento

O tratamento se divide em 2 fases:

Fase 1: reposicionar os otólitos para o utrículo.

Isso também acontece com manobras específicas, que são realizadas de acordo com o resultado da manobra da fase diagnóstico. As mais comuns são manobre de Epley (para canal semicircular posterior), manobra de Zuma (para canais horizontais) e manobra de Yacovino (para canais anteriores).

As manobras são rápidas, realizadas no consultório, sem necessidade de preparo nem cuidados posteriores. Pode acontecer tontura durante a manobra e sensação de cabeça leve depois delas.

Fase 2: prevenir novos episódios.

A VPPB tem recorrência frequente, e por isso esta fase é tão importante.

Nessa fase, vários exames são necessários para descobrir porque ocorreu a migração dos otólitos e previnir que ocorra novamente. Por isso, eu considero a fase mais importante do tratamento. Em geral são solicitados exames de sangue, exames de labirinto (vectoeletronistagmografia e v-hit), e exames de imagem (tomografia e ressonância). Algumas das causas comuns são:

• doenças do labirinto descompensadas;

• distúrbios metabólicos: ferritina baixa, vitaminas baixas (especialmente a D e B12), anemia, alterações de hormônios sexuais e da tireóide, minerais baixos etc;

• movimentos bruscos da cabeça;

• alterações anatômicas da orelha interna;

• ansiedade.

Depois de encontrada a causa do deslocamento dos otólitos, é feito tratamento específico para que isso não ocorra novamente. Infelizmente, se este tratamento não for realizado, é muito comum a recidiva dos sintomas. Portanto, busque atendimento por médico especializado e faça esssa segudna fase do tratamento.

Dra Kênia Assis Chaves

CRMMG 52018

RQE 33072