1- O que é intolerância a sons?
É a tolerância reduzida aos sons de intensidade fraca ou moderada, com sensação de o som estar em volume mais alto do que realmente está, e pode provocar desconforto persistente à exposição a sons, irritação e até dor, além de poder incapacitar o paciente para o trabalho e vida social.
2-Como é feito o diagnóstico?
É feito através da queixa do paciente e da audiometria complementada por um teste chamado LDL (loudness discomfort level – nível de desconforto de volume), sendo o normal acima de 90-100db. Também é feita a pesquisa do reflexo estapediano, que é patológico e chamado de recrutamento quando disparado em sons baixos (menos que 60bd acima do limiar auditivo)
3-Quais sãos os tipos de intolerância a sons?
1-Recrutamento: há perda auditiva e doenças cocleares com presença de recrutamento. A sensação de intensidade progressivamente crescente é muito rápida e provoca desconforto. Imagine que você está aumentando o volume da TV, em um primeiro momento o som está muito baixo e você não consegue escutar, então você aumenta apenas um nível do volume, o que te faz escutar bem, mas te causa desconforto, irritação e sensação de que o volume aumentou demais.
2-Hiperacusia: intolerância a sons de intensidade moderada ou fraca. É diagnosticada através de audição normal, mas LDL diminuído.
3- Misofonia: o paciente não gosta de se expor a sons específicos. A audição e o LDL estão normais. A reação a sons específicos depende do contexto das reações emocionais, e não das características acústicas, ex volume, do som. Além das reações emocionais, o paciente pode apresentar sintomas físicos, como taquicardia, sudorese e sensação de desmaio.
4- Fonofobia: é um tipo de misofonia, definida como medo de se expor a sons. O gatilho é unicamente psicológico.
4- Quais as causas?
O recrutamento pode acontecer em qualquer tipo de perda auditiva de causa coclear (ex devido a idade, devido a exposição a ruídos altos, devido a medicamentos, familiar e outras).
A hiperacusia pode ter várias causas, tanto do próprio sistema auditivo (ex otoesclerose, doença de menière, fístula perilinfática, surdez súbita, trauma acústico,perda auditiva induzida por exposição a sons intensos), alterações do sistema nervoso central (ex enxaqueca, estresse pós-traumático, dependência de benzodiazepínicos, esclerose múltipla, depressão, epilepsia, traumatismo craniano), doenças hormonais (ex insuficiência da glândula suprarrenal, hipertireoidismo, neurossífilis) e infecciosas ou origem genética.
Já a misofonia e fonofobia são de causa psicológica, por ativação inadequada do sistema límbico, relacionado a emoção, e nervoso autônomo, relacionados a reações físicas.
5-Qual é o tratamento?
O tratamento da doença de base é o primeiro a se tomar, porém, em muitos casos a etiologia é indefinida ou irreversível. Nesses casos, as terapias sonoras com base no enriquecimento sonoro são as mais recomendadas. Tem como objetivo dessensibilizar as vias auditivas centrais e é realizado com sons ambientais e/ou com geradores de com de banda larga adaptados nas duas orelhas. O paciente é desencorajado a ficar no silêncio ou a usar protetores auditivos.
O enriquecimento sonoro é sempre associado a sessões de aconselhamento ou orientação, que têm por objetivo desmistificar os sintomas auditivos, explicar o funcionamento da via auditiva, o processamento da informação auditiva no cérebro e as estratégias terapêuticas.
Já a misofonia e fonofobia precisam de acompanhamento psicológico e psiquiátrico mais intensos e precoces.
Dra Kênia Assis Chaves
CRMMG 52018
RQE 33072