Neste post falare das causas para-auditivas de zumbido, ou seja, do zumbido que não é gerado na orelha e sim nas estruturas adjacentes a ela.
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CLASSIFICAÇÃO DO ZUMBIDO
A primeira classificação é de acordo com a causa. É classificado em zumbido de causa auditiva, quando gerado na própria orelha interna, que foi explicado no segundo post sobre zumbido e são os mais comuns. Já o zumbido para-auditivo, é gerado nas estruturas adjacentes a orelha média, são menos comuns, cerca de 20% do total, mas em geral tem causa identificável e tratável, por isso é importante sua suspeita e diagnóstico corretos. Produzem, em geral, zumbidos rítmicos ou pulsáteis.
A segunda classificação é em relação ao tipo de som. Pode ser classificado em zumbido rítmico, quando ele é repetitivo, tipo pulsação ou clique ou martelada, ou não rítmico, quando ele é contínuo, tipo assobio, cigarra, chiado e outros. O zumbido rítmico pode ser pulsátil, quando ocorre tem a mesma frequência que a frequência cardíaca. Pode ser avaliado pedindo-se para o paciente palpar o pulso e notar se o pulso tem sincronia com o zumbido. Isso precisa ser avaliado precocemente, porque podem ser causados por tumores da orelha e nervo auditivo.
A terceira classificação é em subjetivo, quando só o paciente ouve, o que é muito mais comum, e objetivo, quando o examinador ou outra pessoa consegue escutar, o que é bem raro e causado por etiologias específicas.
ESTRUTURAS PARA- AUDITIVAS
As estruturas para-auditivas mais importantes para geração de zumbido são:
1- Tuba auditiva: tubo que liga a orelha média ao nariz e equilibra a pressão entre eles. Normalmente fica fechada e se abre em ocasiões especiais (deglutição, bocejo, abertura da boca). Costuma gerar sensação de ouvido entupido quando nariz está inflamado (quem nunca sentiu ouvido entupido durante um resfriado?), o que chamamos de disfunção da tuba auditiva. Nesse caso, o tratamento é de acordo com a causa nasal. Também pode gerar sensação de ouvido muito aberto ou de ventania ou de sensação de escutar a própria respiração ou de eco da voz no ouvido, em geral unilateral e que melhora quando deita de barriga para cima, o que chamamos de tuba patente. Comum nos casos de emagrecimento rápido ou acentuado, em que ocorre perda dos tecidos de sustentação da tuba auditiva, por isso ela deixa de ser ocluída por esses tecidos. Essa condição costuma ser temporária e resolve-se espontaneamente.
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2- Músculos da orelha média (músculo estapédio ou tensor do tímpano) e do palato (céu da boca): : mioclonias, ou seja, contrações involuntárias e repetitivas desses músculos podem causar zumbido tipo clique ou estalido ou bater de asas, rítmico, unilateral (músculos da orelha média) ou bilateral (palatal) , às vezes objetivo, às vezes evocados por sons específicos. É importante pesquisar causas neurológicas que expliquem este sintoma, ou mesmo ansiedade. Quando não há outra doença associada, o tratamento é com drogas (anticonvulsivantes, relaxantes musculares, ansiolíticos) ou cirurgia (cortar o músculo envolvido, quando na orelha média ), ou aplicação de toxina botulínica no local (no caso palatal, mas com efeito colateral de distúrbios da deglutição).
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3- Articulação temporo-mandibular: articulação que promove abertura da boca. Também muito próxima a orelha, pode causar zumbido tipo clique ou estalos, dor local, e sensação de ouvido entupido quando está desgastada, inflamada ou nos casos de bruxismo. Nesse caso, o tratamento é com o odontologista especializado.
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4- Estruturas vasculares da orelha, principalmente veia jugular e artéria carótida. Qualquer alteração dessas estruturas, seja por mal formação da própria artéria/veia ou das estruturas que as separam da orelha, ou por entupimento por placa de colesterol, ou por tumores, gera zumbido do tipo pulsátil, na mesma frequência do batimento cardíaco e que aumenta com esforço físico. Vou citar alguns exemplos em outro post.
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Dra Kênia Assis Chaves
Médica Otorrinolaringologista
CRMMG 52018
RQE 33072