Zumbido Somatossensorial

Você já percebeu que o seu zumbido muda quando movimenta a cabeça, o pescoço ou mesmo a mandíbula? Ele aumenta, diminui ou até muda de som?
Se isso acontece com você, pode se tratar de um zumbido somatossensorial.

Esse é um dos tipos mais interessantes de zumbido, porque ele não está ligado apenas ao ouvido, mas também à interação entre os músculos, articulações e o sistema nervoso. Neste post, vou explicar como isso acontece e, principalmente, como tratar.

Como os músculos podem causar ou modificar um zumbido?

Muitas pessoas estranham quando falamos que o zumbido pode estar relacionado a tensões musculares. Mas, na prática, é algo bem comum.
A musculatura da face, do pescoço e da mandíbula tem conexões nervosas com o ouvido interno e com o sistema auditivo central. Quando esses músculos ficam tensos, inflamados ou sobrecarregados, podem enviar estímulos alterados para o cérebro, que interpreta esse sinal de forma errada — muitas vezes como um som inexistente, ou seja, o zumbido.

Isso explica porque movimentos simples, como abrir e fechar a boca, virar o pescoço ou contrair os ombros, podem modificar o zumbido.

Quadro típico do paciente com zumbido somatossensorial

Esse tipo de zumbido costuma aparecer em:

  • Pacientes mais jovens (mas não é exclusivo deles).
  • Pessoas com dor na região da cabeça e pescoço, incluindo ATM (articulação temporomandibular), cervical, ombros ou até mesmo áreas mais altas da cabeça.
  • Após tratamentos odontológicos, como uso de Invisalign® ou aparelho ortodôntico.
  • Depois de períodos de tensão muscular intensa, musculação ou esforço físico.
  • Em pessoas com bruxismo noturno.

Características comuns:

  • Oscilação ao longo do dia, variando com movimentos ou esforço muscular.
  • Pode ser contínuo, como um “zum”, ou até pulsátil.
  • Muitas vezes é unilateral.
  • Quando é pulsátil, pode imitar causas mais graves (como tumores), por isso exames de imagem do crânio são fundamentais antes de confirmar o diagnóstico.

Apesar disso, a boa notícia é que esse tipo de zumbido costuma responder muito bem ao tratamento.

Como a fisioterapia ajuda no zumbido somatossensorial

A fisioterapia é parte essencial do tratamento. A atuação da fisioterapeuta especializada é ampla e personalizada, podendo incluir:

  • Liberação miofascial para reduzir pontos de tensão em músculos da mandíbula, cervical e ombros.
  • Exercícios de reeducação postural, para corrigir desalinhamentos que sobrecarregam a musculatura.
  • Técnicas de relaxamento e alongamento, que ajudam a diminuir a dor e a rigidez muscular.
  • Exercícios específicos para ATM, quando há disfunção articular associada.

O objetivo é diminuir a hiperatividade muscular e os estímulos anormais que chegam ao sistema auditivo, dando mais conforto ao paciente.

Abordagem médica: o papel do otoneurologista

Do ponto de vista médico, o primeiro passo é identificar corretamente o zumbido somatossensorial. Depois, o tratamento pode incluir:

  • Medicações relaxantes musculares (como ciclobenzaprina).
  • Moduladores da dor neuropática (como pregabalina).
  • Suplementos que ajudam no relaxamento e na recuperação muscular (como magnésio, MSM, LDN, 5-HTP).
  • Avaliação e manejo de outras causas associadas ao zumbido: auditivas, metabólicas, psicológicas, ototóxicas (medicamentos) e infecciosas.

Essa combinação de fisioterapia especializada, neuromodulação e apoio médico costuma trazer resultados muito positivos.

Neuromodulação não invasiva: uma técnica multidisciplinar

A neuromodulação é um recurso moderno que pode ser realizado tanto por fisioterapeutas quanto por médicos.
Ela utiliza correntes elétricas de baixa intensidade aplicadas em regiões estratégicas do sistema nervoso ou musculatura para regular a forma como o cérebro processa os estímulos, reduzindo a hiperatividade neural que alimenta o zumbido.

No caso do zumbido somatossensorial, a neuromodulação ajuda a:

  • Diminuir a percepção do zumbido.
  • Reduzir a tensão muscular e a dor associada.
  • Melhorar a integração entre músculos, articulações e sistema auditivo.

O mais importante é que, por ser uma técnica multidisciplinar, ela se integra ao tratamento médico e fisioterapêutico, potencializando os resultados e trazendo mais qualidade de vida para o paciente.

Conclusão: zumbido não é um bicho de sete cabeças

O zumbido somatossensorial é apenas uma das muitas formas de zumbido, mas felizmente é um dos que apresentam melhor resposta ao tratamento.

Se você se identificou com os sintomas que descrevemos, não deixe de procurar ajuda. Cada caso é único, e o tratamento deve ser individualizado.

Dê o primeiro passo para viver melhor: agende sua consulta.

Dra Kênia Assis Chaves

Médica otorrinolaringologista

CRMMG 52018

RQE 33072

Marque sua consulta:

Kenia Assis Chaves - Doctoralia.com.br

Posts recentes

Zumbido Somatossensorial

Você já percebeu que o seu zumbido muda quando movimenta a cabeça, o pescoço ou mesmo a mandíbula? Ele aumenta, diminui ou até muda de

Ler mais »
×

Powered by WhatsApp Chat

× Fale com minha equipe