A queixa de tontura é mais comum nos idosos do que nas demais idades, e por isso hoje vou falar sobre síndrome do desequilíbrio do idoso, principalmente as causas, as consequências, o diagnóstico e o tratamento.
Conceitos e causas do desequilíbrio do idoso (SDI)
A SDI ocorre por um processo natural de envelhecimento de todas as estruturas envolvidas nas informações e controle do equilíbrio, incluindo o próprio sistema vestibular periférico e central, mas também alterações da visão e da propriocepção e dos reflexos e integrações entre esses sistemas.
As principais alterações do envelhecimento no equilíbrio são:
- Reflexos do equilíbrio lentificados, principalmente a oculomotricidade (movimento ocular);
- Degeneração cerebelar, que provoca movimentos descoordenados;
- Comorbidades ortopédica, que dificultam o reflexo vestibuloespinhal (o qual mantém a postura do indivíduo);
- Medicamentos que provocam tontura como efeito colateral, principalmente os que causam sonolência e sedação;
- Acuidade visual prejudicada , principalmente por catarata e degeneração retiniana, que dificulta o reflexo vestíbulo ocular, que estabiliza a visão durante os movimentos
- Outras comorbidades, mais comuns nos idosos, que podem afetar o ouvido interno, como alterações de colesterol, hipertensão arterial, diabetes, alterações tireoidiana, hipotensão ortostática (queda da pressão quando se levanta ou senta), transtornos vasculares e doenças neurológicas.
- Sarcopenia, ou perda de tecido muscular, e sua substituição por gordura, que contribui para perda de força e lentidão dos movimentos
O envelhecimento ocorre em todas as pessoas e é esperado, mas quando produz sintomas que limitam as atividades diárias e autonomia do paciente é considerado o diagnóstico de SDI.
Sintomas do SDI
A SDI manifesta-se por tontura crônica e persistente,principalmente nos movimentos rápidos, caracterizada por desequilíbrio na marcha, inabilidade de coordenar os movimentos e a postura, além de oscilopsia (sensação de que os objetos estão oscilando na visão).
Consequências do SDI
Por causa dos sintomas, o paciente fica mais dependente do cuidador, vai perdendo cada vez mais a autonomia, com risco grande de queda e todas as doenças decorrentes dela, além de ficar muito restrito ao leito, o que pode levar a síndrome de imobilidade do idoso.
Diagnóstico do SDI
O diagnóstico, para muitos autores, é feito por exclusão. As queixas e os achados no exame físico fornecem pistas importantes para o estadiamento do processo de envelhecimento e sua evolução.
A audiometria em geral mostra perda auditiva própria da idade.
Os exames vestibulares mostram hiporreflexia vestibular, principalmente nas provas de alta velocidade, e microescritura. Além disso, excluiu outra doença vestibular.
Tratamento do desequilíbrio do idoso (SDI)
O primeiro passo na abordagem do idoso é a resolução das comorbidades associadas. Devem ser rastreados os problemas metabólicos, visuais, auditivos, cardiológicos e articulares e corrigi-los.
Os idosos devem ser orientados a praticar exercícios físicos e estarem atentos a seus cuidados pessoais e ambientais. Para tanto, recomenda-se evitar álcool, calçar sapatos baixos e confortáveis para caminhadas, utilizar o corrimão, não encerar pisos e assoalhos, evitar tapetes, instalar luzes em corredores, evitar pequenos degraus, colocar barras de segurança no banheiro, entre outros.
A melhor opção terapêutica é a reabilitação vestibular. São exercícios que estimulam os reflexos vestibulares e sua integração com sistema visual e proprioceptivo, visando a compensação do equilíbrio corporal.
Não existe consenso em relação a medicamentos. Se for necessário, a preferência é para drogas facilitadoras da compensação do equilíbrio, como as hemorreológicas (pentoxifilina e ginko biloba) e a betaistina.
Dra Kênia Assis Chaves
Médica Otorrinolaringologista
CRMMG 52018
RQE 33072